Encontro foi mediado pela conselheira nacional de saúde Vitória Bernardes; presidente do CNS destacou que é necessário esse tipo de diálogo em torno do tema
O Conselho Nacional de Saúde (CNS) promoveu na última quarta (25/09) a segunda live do ciclo de debates Corpos (R)Existentes. O tema do encontro foi “Capacitismo e impactos na Saúde de Pessoas com Deficiência (PcD)”.
Mediado pela conselheira nacional de saúde Vitória Bernardes, que representa a Amigos Múltiplos pela Esclerose (AME) no CNS, o encontro virtual apresentou reflexões críticas a fim de contribuir no enfrentamento de discriminações em razão da deficiência. O presidente do CNS, Fernando Pigatto, afirmou que neste momento de pandemia é necessário esse tipo de diálogo em torno do tema.
“É de extrema importância que possamos tratar dessa temática das pessoas com deficiência. Sempre é tempo, mas quando vivemos tempos terríveis, tempos sombrios, de ódio proliferado principalmente por quem deveria dar o exemplo, quem está à frente do governo, no caso o presidente da República”, disse.
O evento teve a participarão de Diego Ferreira, pesquisador da Universidade de Brasília (UnB), Anahi Mello, pesquisadora da Anis Instituto de Bioética e Marco Antonio Gavério, doutorando em Sociologia na Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) e coordenador do Comitê de Deficiência e Acessibilidade da Associação Nacional de Pós-Graduação das Ciências Sociais (Anpocs).
Para Vitória Bernardes, a deficiência precisa ser usada como um marcador para a evolução de toda a sociedade.
“A deficiência precisa ser usada como um marcador social, como uma questão de justiça social. Existem muitas formas do capacitismo, e uma delas é o nosso apagamento do sistema de informação, como se os nossos corpos não existissem. Somos quase 24% da população e onde estão esses dados?”, questionou a conselheira.
Na análise da pesquisadora Anahi Mello, as estruturas de poder instituídas na sociedade já são uma forma de opressão.
“São premissas as estruturas de poder e todo o sistema de opressão. O próprio capitalismo financia”.
Para Diego Ferreira, a pandemia da Covid-19 reforça ainda mais a necessidade de construção de dados sobre as pessoas com deficiência.
“Estamos falando de um contingente extremamente representativo. A deficiência parece ser o local cívico onde temos uma intersecção de vulnerabilidade, de violência. Essas pessoas, essas vidas, não podem ser deixadas de lado”, salientou.
O doutorando Marco Antonio Gavério complementou: “Falar de deficiência é falar dos danos, da formação social brasileira”.
Foto: Steve Buissinne/Pixabay
Ascom CNS