No Brasil, a população negra representa 97 milhões, o equivalente a 51% de brasileiros. Já as mulheres negras somam 47 milhões de pessoas, cerca de 25% da população total. Esses dados colocam o país como um dos maiores do mundo em população afrodescendente fora do continente africano.
Os dados são do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), relativos a 2010, e embasaram o debate sobre os desafios do SUS na saúde das mulheres negras pelo do Conselho Nacional de Saúde (CNS), na tarde desta quinta-feira (6), em Brasília.
A enfermeira Alaerte Martins, que possui experiência em saúde das mulheres negras, apontou a necessidade de diálogo entre a Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Mulher (PNAISM) e a Política Nacional de Saúde Integral da População Negra (PNSIPN).
“Temos que acabar com o racismo e sexismo institucionais no SUS, para a garantia do cuidado de saúde centrado na pessoa e com base em evidência. A população negra precisa que o SUS funcione. As mulheres negras estão geneticamente mais expostas a doenças como anemia falciforme. Dependemos de uma atenção básica que funcione. ”, afirmou.
Segundo a doutora em Saúde Pública pela Universidade de São Paulo (Usp), Maria Inês, o racismo , o racismo institucional e as desigualdades étnico-raciais precisam ser reconhecidos como determinantes sociais das condições de saúde, com vistas à promoção da equidade em saúde. “É preciso pautar a discussão do racismo institucionalmente e internalizar nos instrumentos de gestão como o Plano Nacional de Saúde, que tem por missão orientar os gestores a aplicar as políticas de saúde”, defendeu.
Para a conselheira nacional de Saúde Ubiraci de Jesus, representante da União Brasileira de Mulheres, é fundamental estabelecer uma política contra-hegemônica e pautar o racismo como estruturante para das desigualdades sociais. “É preciso promover um debate específico sobre a política de equidade em relação às mulheres negras. Os profissionais de saúde devem ser formados em uma educação antirracista”, disse.
Por Mariana Moura
Assessoria CNS