Abordar os principais impactos das vulnerabilidades na vida e na saúde das mulheres foi o objetivo do Eixo 3, na tarde desta sexta-feira (18/08), durante a 2ª Conferência Nacional de Saúde das Mulheres (2ªCNSMu). A discussão servirá de subsídio para traçar as diretrizes da Política Nacional de Atenção Integral à Saúde das Mulheres.
Os debates foram coordenados pela conselheira nacional de saúde, Heliana Hemtério, representante da Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais (ABGLT). Para ela, “é preciso refletir sobre os impactos da exposição das mulheres trans à violência, por exemplo, incluindo a transfobia como crime de feminicídio. Essa é uma forma de garantirmos que esse tipo de violência tenha punição”, afirma.
Para Margareth Arilha, do Núcleo de Estudos de População “Elza Berquó” (Nepo/Unicamp), é preciso compreender o contexto de vida das mulheres, principalmente as pobres. “Nossas condições de vida são difíceis apenas pelo fato de sermos mulheres. As desigualdades sociais acentuam como essas mulheres acessam o sistema de saúde e, principalmente, como elas receberão o tratamento”. Segundo ela, a conferência resgata a história das mulheres. “Após trinta anos da primeira Conferência, temos a responsabilidade de apontarmos o que mudou e o que precisa avançar para no âmbito da saúde de nós”.
De acordo com Maria Luiza Costa Câmera, da Associação Bahiana de Deficientes Físicos (Abadef), as mulheres com deficiência sofrem ainda mais discriminação em diversos espaços da sociedade. “Nós, mulheres deficientes, lutamos para sermos incluídas no mercado de trabalho. Tento denunciar o processo de exclusão no meu estado, mas é muito difícil sensibilizar o empresariado sobre nossa capacidade para o trabalho”, disse.
Emocionada, Maria Luiza, que já escreveu diversos livros sobre a sua trajetória de vida, pontua a dificuldade das mulheres com deficiência em viverem a sua sexualidade sem violência. “Tenho duas filhas e tive que enfrentar muito preconceito dos familiares e o julgamento da sociedade, pelo simples fato de querer ser mãe e isso foi só um exemplo que quanto sofremos para termos acesso aos nossos direitos, disse.
A presidenta da Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra), Keila Simpson, felicita a presença das mulheres trans em um processo amplo de participação social. “Esse espaço é muito importante para nós. Existimos porque resistimos, estarmos aqui é um ato de rebeldia e garantia de direitos”, disse. Keila afirma ser desafiador pensar o processo transsexualizador da saúde pública, que inclui as mulheres trans no sistema público de saúde. “A transsexualização no SUS não é um privilégio para a população trans, é um reconhecimento efetivo de que nós existimos”.
A 2ª CNSMu é uma realização do Conselho Nacional de Saúde (CNS). O evento ocorre de 17 a 20 de agosto, em Brasília, e conta com a participação de 1.800 delegadas de todos os estados brasileiros.
Ascom CNS