Eleitas no processo das Conferências Macroregionais de Saúde das Mulheres, que ocorreram no mês de maio, delegadas do Estado de Pernambuco puderam relatar, na Conferência Estadual de Saúde das Mulheres de Pernambuco, as suas expectativas para a etapa nacional da 2ª Conferência Nacional de Saúde das Mulheres (2ª CNSMu), que ocorre de 17 a 20 de agosto desse ano.
São mulheres de diversas localidades do Estado e que possuem em comum a necessidade de contribuir para a construção da política de saúde das mulheres no âmbito estadual e nacional.
Para Stephane Fechine Silva, delegada eleita no município de Caruaru, que fica cerca de 136 km de Recife, o processo da conferência serve para enfatizar a necessidade da pauta das mulheres transexuais no país.
“Quero ter a oportunidade de discutir a questão do processo no SUS. Temos que, por exemplo, interiorizar não só a cirurgia, como também o acompanhamento psicológico dessas mulheres. Essas demandas precisam ser vistas e debatidas com o público da Conferência Nacional. Precisamos garantir planos para a saúde das mulheres transsexuais”, afirmou.
Marion Andrade Lessa, eleita delegada no município de Recife, destaca a preocupação com as mulheres soropositivas, principalmente com relação ao acesso aos medicamentos.
“Nós, do movimento de mulheres soropositivas, observamos com muita preocupação o desmonte que a saúde pública vem sofrendo, ano após ano. Muitas mulheres soropositivas não têm recursos para adquirir medicamentos para o seu tratamento. E como fica a nossa situação? Espero que a Conferência Nacional seja um espaço também de denúncia, para que possamos de fato mostrar a dura realidade das mulheres com HIV/AIDS”, disse.
A pesquisadora da Fiocruz, Idê Gurgel, que integrou a mesa de debate, na manhã desta quinta (15), sobre o papel do Estado no desenvolvimento socioeconômico e ambiental e seus reflexos na vida e na saúde das mulheres: o mundo do trabalho, vulnerabilidade, violência e políticas públicas, relatou a importância da realização da 2ª CNSMu.
“Essa será uma conferência histórica, após 31 anos da realização da primeira conferência em um contexto realmente preocupante. Vivemos uma crise política e institucional, em um governo que não tem legitimidade. A Conferência deve acontecer e trazer um norte para a saúde das mulheres temos que propor democracia e direitos sociais”, afirma.
A Agente Comunitária de Saúde, Maria de Fátima Amorim, da cidade de Petrolina, que fica a cerca de 713 km do Recife, pensa na melhoria das políticas públicas para a saúde das mulheres.
“Nós que atuamos na ponta, vemos a dificuldade das mulheres em acessar os serviços de saúde. Muitas delas, quando descobrem que tem de vir a capital do Estado, desistem, por acharem que não serão se quer atendidas. A Conferência terá um papel fundamental para construir políticas de saúde para as mulheres e garantir que todas tenham o direito de reivindicar o seu papel de cidadã, de agente da transformação”, disse.
A Conferência Estadual de Saúde das Mulheres de Pernambuco, que teve início nesta quarta (14), segue até esta sexta (16) e conta com a participação de cerca de 200 delegadas eleitas no processo das conferências macroregionais.
Por Mariana Moura
Assessoria CNS