O tema foi abordado em encontro do Comitê para Acompanhamento da Covid-19 transmitido ao vivo pelas redes sociais do Conselho
“Não temos um sistema de Saúde no mundo que tenha resistido a essa pandemia sem tomar medidas de isolamento social para salvar vidas”. Essa afirmação é da médica, representante da Organização Pan-Americana da Saúde/Organização Mundial da Saúde (Opas/OMS) no Brasil, Socorro Gross. Ela participou do encontro online do Comitê para Acompanhamento da Covid-19 do Conselho Nacional de Saúde (CNS). A atividade, realizada na quarta (13/05), também teve como convidado o médico sanitarista da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Cláudio Maierovitch, e foi conduzida pelo presidente do CNS, Fernando Pigatto.
O encontro debateu a importância do isolamento social e do “lockdown” para salvar vidas, pois são considerados como as medidas mais eficazes para reduzir a possibilidade de transmissão do Novo Coronavírus (Covid-19). Por ser uma doença nova, ainda não existem instrumentos específicos de enfrentamento, como vacinas ou medicamentos.
“É o momento de boa parte das cidades grandes brasileiras, e algumas médias, cessarem a circulação de pessoas, em um chamado lockdown, a exemplo do que funcionou no países europeus e na China e em boa parte dos lugares onde estamos vendo algum progresso na contenção da propagação do vírus”, destacou o médico Cláudio Maierovitch.
Oriunda do inglês, a expressão “lockdown”, na tradução literal, significa confinamento ou fechamento total. Embora não tenha uma definição única, tem sido utilizada para designar uma medida mais radical para que haja distanciamento social, uma espécie de bloqueio total para que as pessoas fiquem em casa.
Cláudio também falou sobre a caracterização das atividades essenciais que, muitas vezes, por pressão de alguns segmentos, são ampliadas. Nesse processo, são incluídas atividades que, além de não serem essenciais, podem representar um risco maior de propagação da doença como “as atividades que envolvem contato físico e ambiente compartilhado”, ressaltou.
Os dois convidados também falaram sobre a comunicação com a sociedade, com escuta, monitoramento, participação e compartilhamento. Porque as medidas só serão efetivas com a adesão da população. “Para salvarmos vidas, temos que implementar as medidas de isolamento social, que não são simples e precisam ter a participação das pessoas”, destacou a Socorro Gross.
Desde o início da ascendência da curva epidemiológica da doença no Brasil, o CNS tem se manifestado pela conjugação de isolamento dos casos, quarentena de contatos e medidas amplas de distanciamento social. Com o agravamento dos casos e serviços de Saúde atingindo níveis críticos em alguns municípios, o Conselho recomendou que estes territórios adotem medidas ainda mais restritivas de distanciamento social.
“O Brasil vive hoje um cenário epidemiológico com crescimento acelerado e exponencial de casos e óbitos decorrentes da Covid-19”, destacou o presidente do CNS, Fernando Pigatto ressaltando os dados mais recentes divulgados pelo Ministério da Saúde*. O Brasil tem 188.974 casos confirmados e 13.149 óbitos. “Não são números, são pessoas”, frisou.
Também participaram do encontro online três integrantes do Comitê. A conselheira nacional de saúde Ana Lúcia da Silva Marçal Paduello, representante do segmento de usuários/as, o conselheiro nacional de saúde Neilton Araújo de Oliveira, representante do segmento de gestores/as/prestadores/as, e a conselheira nacional de saúde Sueli Terezinha Goi Barrios, representante do segmento de trabalhadores/as.
Eles questionaram os convidados sobre medidas de proteção para às populações vulneráveis, a comunicação com a sociedade para garantir a adesão às medidas sanitárias e atuação da Atenção Básica frente à pandemia. Assista aqui o encontro online e às respostas na íntegra.
*dados do Ministério da Saúde divulgados até às 19h de 13 de maio de 2020
Ascom CNS