A Índia tem sofrido um forte aumento do número de casos e de óbitos por covid-19, tendo passado de 513.885 casos novos na última semana de março para 2.597.285 casos novos na última semana de abril, um aumento de 500%. As mortes, nas mesmas semanas, passaram de 3.071 para 23.231, um crescimento de 750%.
Várias causas explicam esse aumento abrupto.
Em janeiro, o primeiro-ministro indiano Narenda Modi chegou a declarar na reunião do Fórum Econômico Mundial que seu país era um caso de sucesso no controle da pandemia. Dessa avaliação equivocada, resultou o relaxamento das medidas de distanciamento social e realização de eventos políticos e religiosos que aglomeraram multidões. Além disso, a Índia tem uma baixa taxa de cobertura vacinal: apenas 10% de sua população recebeu a primeira dose e apenas 1,6% recebeu as duas doses. Não menos importante, surgiu uma nova variante do coronavírus, chamada B.1.617.
O risco de disseminação dessa nova variante com consequências certamente desastrosas fez com que, até o dia 03 de maio, 24 países tinham estabelecido restrições aos voos vindos da Índia. Entre estes países, não está o Brasil
Nosso país está sendo massacrado pela pandemia, agravada pela incompetência e o boicote do governo federal às ações de enfrentamento e proteção que os profissionais do Sistema Único de Saúde e a maioria das autoridades públicas nos estados e municípios estão desenvolvendo. De fato, a vacinação avança lentamente e as medidas de restrição da mobilidade e de distanciamento social são muito limitadas, sem o auxílio financeiro que possa assegurar que as pessoas não passem fome. O surgimento de uma segunda onda, impulsionada pelo surgimento de uma nova variante, no final do ano passado, levou nosso pais a um patamar epidêmico superior ao vivenciado durante a primeira onda. A rápida ascensão de casos, especialmente de casos graves, superou a capacidade de ampliação da rede de atenção, sem o apoio necessário, por parte do governo federal, de recursos financeiros, equipamentos e insumos básicos (como oxigênio). Esta trajetória deve levar o país a atingir a triste marca de meio milhão de mortos pela covid-19, ainda no primeiro semestre de 2021.
Nesse contexto, a chegada de uma nova variante ao Brasil pode tornar a situação ainda mais catastrófica. Urge, portanto, que o país determine restrições aos voos vindos da Índia, limitando significantemente o número de pessoas aptas a entrar no Brasil, exigindo resultados negativos de testes laboratoriais sensíveis e determinando a quarentena de viajantes.
Diante disso, a Frente pela Vida apela às autoridades da República para que adotem com a máxima urgência restrições a chegada de pessoas da Índia ao território brasileiro, conforme vem sendo adotado por diversos países, visando a proteção da população. Essas medidas devem ser adotadas em acordo com o governo indiano, assegurando a reciprocidade do tratamento entre os dois países e sem comprometer o transporte de produtos essenciais como os ingredientes farmacêuticos ativos necessários para a produção de vacinas.
Frente pela Vida