O Conselho Nacional de Saúde (CNS) lamenta a morte de Hésio Cordeiro, aos 78 anos, neste domingo (8/11). O médico sanitarista e professor, construiu uma intensa trajetória que o coloca como referência na história do Sistema Único de Saúde (SUS). Nossa solidariedade aos amigos, familiares, colaboradores, ativistas do controle social na saúde e companheiros de luta, que tiveram a honra de conviver ao lado de um exemplo de compromisso com a Saúde Pública brasileira como direito humano.
Hésio nasceu em Juiz de Fora (MG). Graduou-se em Medicina pela Faculdade de Ciências Médicas da então Universidade do Estado da Guanabara no ano de 1965. Em 1969, com financiamento da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Ensino Superior (Capes) e Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), fez inúmeros cursos e visitas técnicas às escolas de Medicina Preventiva nos Estados Unidos. O conhecimento adquirido e as relações de cooperação estabelecidas foram centrais para que, na já Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), Hesio fundasse o Instituto de Medicina Social (IMS) em 1971.
Entre 1971 e 1978 trabalhou como consultor da Opas para atividades de organização de serviços de saúde, tecnologia e recursos humanos, atuando em vários países, como Argentina, Peru, Equador, Venezuela, Costa Rica, Nicarágua, Honduras, México e República Dominicana. Em 1981 doutorou-se em Medicina Preventiva pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP). Entre 1983 e 1985 foi presidente da então Associação Brasileira de Pós-Graduação em Saúde Coletiva (Abrasco), entidade que compõe o CNS atualmente. Em nota, a instituição publicou em seu site que a “Saúde e a Educação brasileiras despedem-se de um dos seus gigantes”.
Junto a Sergio Arouca, coordenou e presidiu os trabalhos da 8ª Conferência Nacional de Saúde, em 1986, outro marco do Movimento pela Reforma Sanitária brasileira e que pautou na sociedade a saúde como dever do Estado. Em 1988, Hesio recebeu o título de doutor honoris causa da Escola Nacional de Saúde Pública (ENSP/Fiocruz) por suas contribuições. De 2000 a 2006, dirigiu o Centro de Ciências Biológicas e da Saúde da Universidade Estácio de Sá, na qual também foi coordenador do programa de pós-graduação em Saúde da Família. De 2007 a 2010, foi diretor de gestão da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), sendo sua última contribuição à vida pública do país.
Hésio era respeitado por estudantes da Saúde, ativistas dos direitos humanos, parlamentares, além de milhares de conselheiros e conselheiras espalhados pelo país, que o têm como referência pelo seu pioneirismo na luta em defesa da garantia da Saúde como direito constitucional. Sua contribuição às lutas que dialogam diretamente com todas as pautas defendidas pelo CNS foi fundamental e continuará reverberando em nossas práticas e desafios em defesa dos direitos da população trabalhadora e do SUS. Este é o legado que seguiremos plantando. Hésio, presente!
Conselho Nacional de Saúde