Entidades, entre elas o CNS, entregaram na última semana à CPI da Pandemia a denúncia internacional de violações de direitos humanos causada pelo governo federal
A última semana de depoimentos na CPI da Pandemia foi aberta nesta segunda-feira (18/10) com relatos emocionados de familiares de vítimas da Covid-19 no Brasil. Parentes de vítimas da covid-19 relataram suas experiências durante a crise sanitária, o que levou muitos parlamentares às lágrimas. A CPI deve encerrar os trabalhos até o mês de novembro.
Os senadores reforçaram a intenção de aprovar no relatório final da CPI propostas defendidas durante a reunião, dando apoio às vítimas da doença, a seus parentes e aos chamados “órfãos da covid”. A previsão é o que relatório elaborado pelo senador Renan Calheiros seja lido ainda nesta quarta-feira (2010). A votação do texto pelo colegiado deverá ocorrer somente na próxima semana.
Um dos depoimentos mais tocantes foi o de Giovanna Gomes Mendes da Silva, amazonense de 19 anos. Ela perdeu pai e mãe para a Covid-19 e se tornou responsável pelo sustento da irmã de 10 anos.
“Eu vi que eu precisava da minha irmã e ela precisava de mim. A partir daí eu pensei que eu não poderia mais ficar sem ela, então decidi que precisava mesmo ficar com a guarda dela. Eu assumi esse desafio por amor”, disse a depoente.
Várias testemunhas criticaram diretamente o presidente da República por seu comportamento durante a pandemia. Katia Shirlene Castilho dos Santos, que perdeu os pais, conveniados da Prevent Senior, em São Paulo, lembrou as duas ocasiões, em março e maio passados, em que Jair Bolsonaro imitou uma pessoa com falta de ar.
“Quando a gente vê um presidente da República fazer isso, para nós é muito doloroso. Se ele tivesse ideia do mal que faz para a nação, além de todo o mal que já fez, ele não faria isso”, lamentou a testemunha.
Antônio Carlos Costa, fundador da ONG Rio de Paz, destacou a “impressionante falta de empatia” de Bolsonaro, observando que ele “nunca derramou uma lágrima” pelas vítimas.
Denúncia
Na semana passada, o relator da CPI da Pandemia, senador Renan Calheiros, recebeu na noite do dia 5 de outubro, a denúncia internacional de violações de direitos humanos causada pelo governo brasileiro, sob comando do presidente da República, Jair Bolsonaro, no contexto da pandemia da Covid-19. O documento foi entregue pelo presidente do Conselho Nacional de Saúde (CNS), Fernando Pigatto, pelo presidente do Conselho Nacional de Direitos Humanos (CNDH), Yuri Costa, e por representantes de entidades ligadas aos diretos humanos.
Também participaram do ato de entrega Diana Melo Pereira, que é diretora da Sociedade Maranhense de Direitos Humanos (SMDH), Soraia da Rosa Mendes, pesquisadora da Sociedade Maranhense de Direitos Humanos (SMDH), ambas do Movimento Nacional de Direitos Humanos (MNDH) e Articulação para o Monitoramento dos Direitos Humanos no Brasil (AMDH), e Edjane Rodrigues Silva, secretária de Políticas Sociais da Confederação Nacional dos Trabalhadores Rurais Agricultores e Agricultoras Familiares (Contag) e do Fórum Nacional de Defesa do Direito Humano à Saúde.
Amanhã, terça-feira (19/10), o presidente do CNS, Fernando Pigatto, participa de uma audiência na Câmara dos Deputados para debater políticas públicas em apoio e defesa dos direitos das vítimas de Covid-19. O evento está marcado para as 10 horas, no Plenário Ulysses Guimarães.
Leia a íntegra do relório aqui AMDH – DOC PARA CPI (1)
Assista a audiência na íntegra
Foto: Pedro França/Agência Senado
Ascom CNS