O assunto foi tema da live promovida pelo Comitê do Conselho Nacional de Saúde de acompanhamento da Covid-19, na quarta-feira (22/7)
Diagnóstico tardio, subnotificação de casos, dificuldade de acesso a medicamentos e desassistência estão entre os problemas encontrados por pacientes de doenças crônicas e outras patologias, desde o aparecimento de casos do Novo Coronavírus no Brasil. O assunto foi tema da live promovida nesta quarta-feira (22/07), pelo Comitê do Conselho Nacional de Saúde (CNS) de acompanhamento da Covid-19.
Pacientes com HIV/Aids, lúpus, tuberculose, hanseníase, Doença de Crohn, osteoporose, psoríase, artrite e dermatomiosite estão entre os que declaram que a pandemia trouxe um impacto negativo sobre o tratamento de suas doenças.
A dificuldade para encontrar medicamentos é uma delas. Pesquisa realizada pela BioRede Brasil Medicamentos Biotecnológicos afirma que 95% dos pacientes reumáticos utilizam a hidroxicloroquina para seus tratamentos. Antes da pandemia, 65% das pessoas nunca tiveram dificuldade para comprar o medicamento. Hoje, 84% não encontra o remédio com facilidade.
Estes pacientes relatam também o impacto financeiro sobre a renda familiar: enquanto o gasto médio antes da pandemia era de R$ 100 hoje os custos mensais com a hidroxicloroquina chegam a aproximadamente R$ 450.
“Este é o cenário realista que nós temos. É um impacto muito grande para as famílias destes pacientes”, afirma a coordenadora da BioRede Brasil (Biored), Priscila Torres.
Diagnóstico tardio
O diagnóstico tardio também está entre os problemas apontados. “Na área da hanseníase temos, até agora no sistema de informações do Ministério da Saúde, cerca de 6 mil diagnósticos, sendo que nesta época teríamos muito mais”, afirma o coordenador do Movimento de Reintegração de Pessoas Atingidas pela Hanseníase (Morhan), Artur Custódio, que é conselheiro nacional de saúde e mediou o debate.
Para a secretária de Articulação Política da Articulação Nacional de Luta contra a Aids (Anaids), Carla Almeida, a pandemia da Covid-19 exigiu prioridade total, em detrimento de outros agravos e é esperado que haja aumento do diagnóstico tardio e uma consequente subnotificação de casos de óbitos por tuberculose e HiV/Aids.
“É muito importante estarmos atentos a este cenário, para que possamos agir de forma assertiva, senão teremos num futuro bem próximo um cenário ainda mais grave”, avalia Carla.
Segundo o diretor do Departamento de Doenças de Condições Crônicas e Infecções Sexualmente Transmissíveis (DCCI/SVS) do Ministério da Saúde, Gerson Pereira, em março foi encaminhado para todos os estados diversos ofícios de recomendações técnicas sobre o tratamento para pacientes com doenças crônicas, durante o período da pandemia. “O que a gente precisa é fazer reuniões com coordenadores estaduais e municipais para saber se essas recomendações estão sendo cumpridas”, afirma.
Ações do CNS
Em abril, o Conselho solicitou ao Ministério da Saúde a apresentação de um plano de apoio para estas pessoas, com o objetivo de reduzir o risco de desenvolvimento de comorbidades e óbitos.
As medidas incluem a priorização das pessoas com doenças crônicas e patologias na imunização e vacinação contra a gripe, apresentação de fluxos alternativos ao acesso de medicamentos com estratégia de fornecimento ampliado, bimestral ou trimestral.
A construção de protocolos específicos de atendimento a pessoas com doenças crônicas e patologias, especificamente na manutenção e formas remotas de contato de pacientes com seus respectivos médicos especialistas.
A live do CNS também contou com a participação de Maíra Botelho, diretora do Departamento de Atenção Especializada e Temática, da Secretaria de Atenção Especializada à Saúde do Ministério da Saúde, Eduardo Fróes, conselheiro nacional de saúde pela Associação Brasileira de Linfoma e Leucemia (Abrale) e Laís Souza, representante da Associação Brasileira de Ensino em Fisioterapia (Abenfisio) no CNS.
Ascom CNS