O Conselho Nacional de Saúde (CNS), após debate na Comissão Intersetorial de Alimentação e Nutrição (Cian), aprovou, na tarde desta quarta (28/03), uma recomendação sobre a informação equivocada transmitida no capítulo do dia 27 de março de 2018, da novela “O Outro Lado do Paraíso”, da Rede Globo. No capítulo referido, o “diretor do hospital”, sugeriu que sua esposa, enfermeira, amamentasse o bebê de outra mulher, dizendo que é um gesto de amor e ainda se ofereceu para levar leite ordenhado para o bebê.
Considerando que essa atitude, conhecida como “amamentação cruzada”, traz diversos riscos ao bebê, podendo transmitir doenças, infectocontagiosas como HIV/Aids, o CNS acredita que deve haver responsabilidade social em relação às informações divulgadas pela emissora. Desde 1985, com o advento da Aids, a amamentação cruzada começou a ser contraindicada. Hoje, é uma contraindicação formal pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e pelo Ministério da Saúde.
A Portaria n° 1.016, de 26 de agosto de 1993, em seu artigo VII, estabelece que as equipes de saúde da família devem “proibir que as mães amamentem outros recém-nascidos que não os seus (amamentação cruzada)”. O texto da recomendação afirma que “é fundamental que qualquer informação divulgada por órgãos de imprensa seja embasada em estudos científicos éticos, atualizados e comprovados, com base no Ministério da Saúde e na Sociedade Brasileira de Pediatria”, recomendando à Rede Globo a correção da informação veiculada e sugerir que traga à população informações adequadas sobre aleitamento materno conforme normas vigentes.
Doações para bancos de leite devem continuar
A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), em seu artigo “Os perigos da amamentação cruzada”, ressalta que há diferenças entre o leite oferecido diretamente pela mãe e o que é doado para o Banco de Leite Humano (BLH). “No BLH o leite é tratado, pasteurizado e, por isso, isento de qualquer possibilidade de transmissão de doenças. A mãe não deve amamentar outra criança que não seja o seu filho. Mesmo se esta mãe estiver com os exames normais ou se teve uma gravidez tranquila, ela pode estar em uma janela imunológica, e esse bebê correr o risco de contrair alguma doença”.
Foto: Brasil.Gov
Ascom CNS