Os dados mais recentes disponibilizados pelo Sistema de Informações de Mortalidade (SM), do Ministério da Saúde, demonstra que, entre 2002 e 2014, a taxa de suicídios na população brasileira entre 15 e 29 anos subiu de 5,1 para 5,6 por 100 mil habitantes, um aumento de 10%, no período.
De olho nesse problema, o Conselho Nacional de Saúde fez parte do workshop “Estabelecendo o diálogo para a prevenção do suicídio no Brasil”, realizado, ontem e hoje, pela Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), em Brasília. Representante do CNS no evento, a conselheira Ana Sandra Nóbrega, do Conselho Federal de Psicologia, reforçou a necessidade de mais atenção aos problemas de saúde mental, no Brasil, dada a conjuntura de perda de direitos sociais.
“Os agravos a saúde mental se dão principalmente no contexto de uma sociedade capitalista, profundamente marcada pelo individualismo”, explicou Sandra Nóbrega. Segundo ela é preciso “buscar nortes para lutar contra o suicídio”. A conselheira lembrou que há três possibilidades para explicar o suicídio: a perspectiva sociológica, a dificuldade das pessoas em entender o outro e a devida importância sobre a vida humana.
Ana Sandra Nóbrega também é coordenadora da Comissão Intersetorial de Saúde Mental do CNS. De acordo com ela, a saúde mental afeta diretamente a vida dos trabalhadores, tanto que, recentemente, o CNS lançou a campanha “Mais Direitos, Menos Depressão”, que alerta principalmente para esse problema. “Tendo em vista a enorme recessão de direitos em que o País vive, e também a reforma da Previdência, por exemplo. Toda e qualquer morte traz à tona algo sobre a sociedade que se reflete em seu determinado contexto, é preciso identificar esses contextos”, disse.
Dados sobre a saúde mental
De acordo com a Organização Mundial da Saúde, que esse ano lançou a campanha contra a depressão, cerca de 350 milhões de pessoas em todo o mundo são afetadas pela doença. Só no Brasil, são perto de 11,5 milhões de brasileiros com esse transtorno, ou seja, 5,8% da população. O País é o segundo com maior prevalência da doença nas Américas, quase igualado com os Estados Unidos, que têm 5,9% dos depressivos da região.
Por Mariana Moura
Assessoria CNS
Créditos da foto: Rodrigo Farhat/CFP.