O Conselho Nacional de Saúde (CNS) promoveu, nesta segunda (21/11), mais uma live do ciclo Ocupação Preta. O evento foi promovido pela Comissão Intersetorial de Promoção das Políticas de Equidade (Cippe) do CNS, com objetivo de provocar reflexões sobre o compromisso com a saúde da população negra e os rumos do Brasil após a eleição presidencial de 2022.
Michele Andrews, feminista, ativista do movimento negro e da cultura e presidenta da União de Negros e Negras pela Igualdade (Unegro) de Manaus, avalia que o próximo passo, pós resultado eleitoral, deve ser fortalecer as bases sociais e garantir que o novo governo eleito consiga implementar as propostas voltadas a esta população.
“O Brasil que saiu das urnas foi o Brasil que se esforçou muito para chegar até elas. Portanto, quando o novo governo vem com propostas para se debater pautas da população negra podemos dizer que conseguimos ter um respiro, mas precisamos fazer acontecer isto”, avalia.
“Precisamos sair do final da fila, porque temos urgência. A população negra precisa se tornar prioridade da prioridade. Penso que, nesse momento, podemos fazer o novo”, concorda Clatia Vieira, integrante do Fórum Nacional de Mulheres Negras (FNMN) e da Comissão Estadual da Verdade da Escravidão no Brasil, da OAB/RJ.
Segundo o professor, pesquisador e psicoterapeuta Carlos Silvan, a população negra vivencia diferentes processos políticos, desde a chegada dos povos africanos ao Brasil até hoje, com uma caminhada de luta e resistência que vem de muito longe. “A luta do povo negro pela liberdade é desde sempre e até hoje. Somos herdeiros de povos sábios e de muita capacidade de cuidar dos corpos, da saúde, da morte, da vida, da terra, da natureza e da nossa religiosidade sem diferenciar uma coisa da outra”.
Para Junior Pontes, que compartilha a coordenação da Cippe do CNS com as conselheiras nacionais de saúde Heliana Hemetério e Veridiana Ribeiro, a população negra nunca esteve em tão alto risco como nos últimos quatro anos. “Com o projeto que estava em curso no nosso país e um governo que tinha como principal ação a morte dos pobres e dos pretos, nossa população resistiu e chegou até aqui”, completou Junior.
Consciência Negra
A live “Saúde da população negra e o processo político: o Brasil que saiu das urnas” integra o ciclo de debates da Ocupação Preta e marca o mês da Consciência Negra, celebrado em novembro em memória à morte de Zumbi dos Palmares, uma das principais lideranças brasileiras na resistência à escravidão.
No entanto, o projeto que discute equidade e saúde em rodas de conversas virtuais é promovido ao longo de todo ano. A ideia é receber especialistas e ativistas do movimento negro para abordar as mais diversas pautas que ainda afetam essa população.
“Hoje é dia para marcar o que representa a saúde da população negra entre todas as políticas de reparação desta população, mas não podemos esquecer que saúde da população negra é todos os dias e que racismo acontece todos os dias”, afirma Heliana Hemetério.
A próxima live está programada para início de 2023, ainda sem data prevista.
Ascom CNS
Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil