Cidadania: Ambulatório Trans em Sergipe receberá homenagem do Conselho Nacional de Saúde
Muitas pessoas nasceram com o sexo não correspondente à sua identidade gênero. Para esse segmento, algumas vezes há uma luta difícil para readequar o corpo à sua identidade. Com o objetivo de atender a demanda da população transexual em Sergipe, foi inaugurado em 2016 o Ambulatório Trans, que oferece acolhimento para quem pretende realizar o processo transexualizador. A iniciativa, com sede no município de Lagarto, será homenageada pelo Conselho Nacional de Saúde (CNS) e pela Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) próximo domingo (20/08), durante a 2ª Conferência Nacional de Saúde das Mulheres, em Brasília.
De acordo com Katia Souto, membro da comissão organizadora da conferência e responsável pela visita técnica ao local feita pelo CNS, a menção honrosa é principalmente devido ao aspecto humanitário dos idealizadores do projeto. “O mais importante para montar um ambulatório não é a alta tecnologia, são as pessoas. Lá, a população trans é acolhida com respeito. Muitos se sentem tratados como cidadãos e cidadãs, de acordo com sua identidade de gênero, pela primeira vez”, disse.
O Ambulatório Trans é possui uma equipe composta por endocrinologista, psicólogo, psiquiatra, fonoaudióloga, nutricionista, ginecologista, terapeuta ocupacional, clínico geral e assistente social. “A gente trabalha com a despatologização da identidade trans, cuidando da saúde integral das pessoas, de forma interdisciplinar”, afirma Rodrigo Dornelas, coordenador e responsável técnico do projeto.
Participação
Segundo ele, a iniciativa nasceu da demanda da própria população trans no estado, que realizou uma conferência reivindicando o ambulatório. Atualmente, 70 prontuários estão abertos, acompanhando 35 homens trans e 35 mulheres trans. “Nosso diferencial é que não colocamos as pessoas em caixinhas, nem trabalhamos com atendimento compulsório. O tempo de cada tratamento depende de cada usuário”, explica, evidenciando que às vezes a paciente demanda hormonização, outras vezes não, umas desejam readequar a voz e o sexo, outras não, etc.
Jéssica Taylor, 44, é uma das usuárias atendidas. Segundo a própria, “uma sobrevivente”. De acordo com Rodrigo, a expectativa de vida das pessoas trans é de apenas 35 anos. Jéssica relata que antes tinha vergonha da própria voz. “Quando eu melhorei minha voz, foi como nascer de novo”. Ela também se automedicava e hoje é hipertensa por consequência. “Agora eu faço o tratamento com uma endocrinologista. O que eu encontrei nesse ambulatório eu nunca vi em nenhum outro lugar no SUS. Ir para lá é como ir para minha própria casa”, finaliza.
Atendimento Ambulatório Trans: 79 991062209 (whatsapp)
Foto: ComunicaVip
Ascom CNS
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